Da pintura à fotografia: a história por trás da selfie

A pintura rupestre, feita a base de tintas naturais nas paredes das cavernas habitadas pelos primeiros homens na Terra, representou um passo importante na história. Através dessas imagens, feitas há milhares de anos, temos conhecimento de como era a vida, os hábitos, e os desafios enfrentados a caminho da nossa evolução até os dias atuais. Esse tipo de representação, ainda que rudimentar, é importante para a compreensão de como era a vida no nosso planeta e como ela se modificou ao longo do tempo e das mudanças pelas quais passamos.



As pinturas feitas no antigo Egito nos mostram significativas evoluções, que se dão em dois sentidos: o primeiro está na evolução das tintas e colorações utilizadas, e o segundo, no surgimento do papel como local para realização das representações. Ao olharmos para essas pinturas, em comparação com a arte rupestre, conseguimos identificar com mais detalhe as características de vida das pessoas naquela época e suas expressões. Identificamos que o desenvolvimento, tanto das tinturas quanto do papel, são importantes avanços para isso.



Dando um salto no tempo, importantes pintores do mundo da arte representaram-se a si mesmos em suas obras. Alguns casos são curiosos, como o da obra "O casal Arnolfini" de Van Eyck (1434), no qual o pintor de retrata num espelho colocado atrás do retrato do casal.
Nesse caso, também identificamos um melhoramento na qualidade do material onde a obra foi realizada, no desenvolvimento de melhores tintas e material para a pintura.



Talvez um dos mais emblemáticos auto-retratos seja o "Auto-retrato com a orelha cortada" de Van Gogh (1988). 



Mas nenhuma obra nos impressionou tanto quanto o quadro "As meninas" de Diego Velásquez (1656). Demoramos algum tempo para compreender qual era a posição do pintor e onde ele se encontrava. O jogo de espelhos produzido por ele nos fez pensar no que o artista poderia ter feito se tivesse em mãos uma câmera digital e equipamentos para tratamento de imagens (como editores de imagens, computadores, etc.).



Esta obra de Velásquez e as demais mostradas até aqui nos levaram a comparar com algumas fotografias feitas nos últimos anos, e que foram conhecidas como selfies. Percebemos que as selfies não surgiram agora, a partir das câmeras digitais, dos telefones celulares, tablets, etc., mas sim do desenvolvimento da arte e das formas como as pessoas foram encontrando para representar a si mesmas.
Muitas coisas mudaram, evoluíram. Das cavernas ao papiro do Antigo Egito, das tintas a base de elementos da natureza às tintas sintéticas, e também pelo surgimento das novas tecnologias digitais.


Entendemos, então, que as selfies que fazemos no nosso cotidiano são formas de representar a nós mesmos e aos outros. Assim como as primeiras pinturas rupestres foram importantes para o conhecimento sobre a história da humanidade, pensamos que as representações em forma de selfie também serão importantes algum dia, para que outras pessoas conheçam nossa história, nossas características, as coisas que gostávamos de fazer, os lugares que frequentávamos, nossos comportamentos, ou seja, os momentos importantes para a nossa formação.

Essa reflexão sobre a história por trás da selfie está ajudando a entendermos como as imagens são elementos importantes para a compreensão do mundo. Em breve traremos novidades sobre um projeto de fotografia que estamos desenvolvendo a partir da utilização dos nossos telefones celulares para a captação dos nossos trajetos cotidianos, emoções e expressões.

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